ENCHENDO O POÇO, ABASTECENDO O
LAGO.
Adaptado do método Julia CameronCOMO ENCHER O POÇO?
Para criar, utilizamos nosso poço interior.
Esse poço, um reservatório artístico, é idealmente como um lago de peixes muito
bem abastecido. Temos peixes grandes, pequenos, gordos, magros... Uma
abundância de peixes artísticos.
Como artistas precisamos compreender que é
necessário manter esse ecossistema artístico. Se não prestarmos atenção suficiente à sua
manutenção, nosso poço fica exaurido, estagnado ou bloqueado.
Qualquer período de inatividade ou de trabalho prolongado esvazia nosso
poço artístico. Esvaziar excessivamente o poço, como pescar excessivamente os
peixes de um lago, diminui nossos recursos. Nosso trabalho se esgota e ficamos imaginando por quê?
A verdade é que a criatividade também pode se
esgotar porque está indo tão bem. Como artistas, precisamos aprender a nos
alimentar. Precisamos ficar suficientemente alertas para repor
conscientemente nossos recursos criativos à medida que os esvaziamos.
Reabastecer o lago de peixes, por assim dizer:
ENCHER O POÇO.
Encher o poço envolve a busca ativa de idéias para renovar
nossos reservatórios artísticos. A arte nasce da atenção. A parteira é o
detalhe. Para funcionar na linguagem da arte, precisamos vivê-la
confortavelmente. A linguagem da arte é a imagem, o símbolo. É a linguagem sem
palavras mesmo quando sua arte é basicamente buscar palavras.
A arte é uma busca do cérebro artístico. O
cérebro artístico é o nosso cérebro de imagens, morada e ancoradouro dos nossos
melhores impulsos criativos. O cérebro artístico é o cérebro sensorial:
visão e audição, odor e paladar, tato. Esses são os elementos da magia e, a
magia é elementar à arte.
Ao encher o poço, pense em magia. Pense em
prazer. Pense em
diversão. Não pense em deveres. Não faça o
que deve fazer, faça o que o intriga, explore o que lhe interessa.
Pense em MISTÉRIO e não em
MAESTRIA.
O mistério nos restabelece, nos impulsiona,
nos seduz. O dever pode nos entorpecer, nos desligar, nos afastar. Ao encher o
poço siga a sua noção do misterioso, e não a noção do que você deve saber mais.
O mistério pode ser muito simples: se eu
seguir este caminho e não o que eu sigo normalmente, o que encontrarei? Optar
por outro caminho desconhecido nos lança no presente. Concentramo-nos novamente
no mundo visível, visual. A visão leva ao INSIGHT.
O mistério pode ser ainda mais simples: se eu
acender esse incenso, o que sentirei? O aroma é um caminho freqüentemente
negligenciado para associações poderosas. O som também. Alguns sons nos
acalmam. Outros nos estimulam.
Não é preciso encher o poço apenas com
novidades. Cozinhar pode encher o poço. Quando fatiamos e cortamos vegetais
fazemos o mesmo com os nossos pensamentos. Lembre-se a arte é uma busca do
cérebro artístico. Esse cérebro é alcançado através do ritmo e não da razão.
Tomar uma chuveirada, nadar, fazer a barba,
dirigir automóvel! Tantas atividades diferentes, todas regulares, que podem nos
levar do cérebro lógico para o cérebro artístico.
Descubra qual destas tarefas é mais adequada
e utilize-a.
Precisamos ir ao encontro das nossas experiências de vida e não
ignorá-las. Por exemplo: em um local cheio de gente interessante concentramos a
nossa atenção em uma revista, perdendo as imagens e os sons a nossa volta, -
imagens para o poço!
O BLOQUEIO DO ARTISTA é uma expressão
bastante literal. Os bloqueios podem ser identificados e deslocados. Encher o
poço é a forma mais segura de fazer isso.
A arte é a imaginação brincando no campo do tempo.
PERMITA-SE BRINCAR!
Para conversar um pouco sobre criatividade aplicada, escreva pra mim:
fatelier@defatima.com.br