quarta-feira, 30 de março de 2011

Nem só com óleo se faz tinta (2)

Continuando o nosso mergulho nas possibilidades de expressão através da pintura

- NANKIN

De origem controvertida, alguns historiadores afirmam que o seu berço é a Índia e outros a China, sendo também conhecida como tinta da China.
Tem uma tradição de vários séculos na caligrafia e pintura chinesa e japonesa. Originalmente era fabricada a partir de óleos vegetais carbonizados. É muito negra, com grande poder de cobertura e quando seca é indelével. Existe líquida ou em bonitos lingotes, moldados com baixos relevos, que se diluem em água (de preferência destilada).

Encontra-se à venda outra modalidade, em pequenos tubos ou frascos com um bico que permite depositá-la em aparos, tira-linhas e canetas estilográficas

- AQUARELA

Técnica de grande dificuldade e que exige uma aprendizagem demorada para que se possa conseguir resultados de qualidade, a aquarela é fabricada a partir de pigmentos moídos em pó, misturados com goma arábica.
Também se misturaram outros aditivos a estes, como glicerina, mel e outras substâncias para aumentar a transparência e retardar a secagem. A aquarela caracteriza-se pela transparência das suas cores. As tintas existem à venda em estado sólido (pastilhas), pastoso (tubos) e líquido (frascos). Em qualquer dos casos usa-se a água como solvente até se obter o tom pretendido. 

- GUACHE

Usado desde a idade média, nas iluminuras, é utilizado até hoje, fartamente, pelo desenho publicitário. Existem habitualmente em tubos e também em pastilha.
Outrora preparado tendo como ligante a goma arábica, é constituído por pigmentos coloridos moídos em pó aglutinados com um pigmento plástico (médium) e pigmento branco opaco. Diferencia-se da aquarela pela sua qualidade opaca, as cores claras podem ser colocadas em cima de outras mais escuras, desde que já secas.

- ÓLEO

As tintas a óleo são feitas de pigmentos perfeitamente triturados e aglutinados pela ação de um produto oleoso, geralmente óleo de linhaça ou papoula, o que dá origem a uma pasta espessa, ou seja, a tinta em sua forma comercial.

A tinta poderá ainda ser diluída em variados óleos e solventes, à título de "médiuns", criando efeitos surpreendentes.

- ACRÍLICA
Certamente a mais versátil das técnicas – Um dos mais modernos médiuns de pintura, a tinta acrílica foi criada recentemente, na década de 40, e continua sendo aperfeiçoada até hoje. De grande versatilidade pode ser usada desde finas camadas, totalmente diluída, como as aquarelas, produzindo efeitos fluidos e transparentes até grossos impastos espatulados criando volume e textura.

As tintas acrílicas geralmente são feitas com os mesmos pigmentos que as tintas a óleo e as aquarelas. A principal diferença é que na acrílica estes pigmentos, ao invés de triturados em óleo de linhaça ou goma arábica, são ligados por uma resina plástica sintética. São encontradas no mercado em tubos ou em potes.

Seu efeito, depois de seca, é o de uma camada plástica, transparente, de grande brilho e luminosidade. A secagem rápida, a boa permanência das cores e o custo reduzido a transformaram hoje na escolha de muitos artistas profissionais.

- ALQUÍDICA

Conhecida largamente na construção civil e na pintura automobilística, há aproximadamente 20 anos a resina alquídica foi introduzida no material artístico como resposta aos pintores que utilizavam a tinta a óleo por suas possibilidades de ilusão de profundidade querendo, entretanto, usufruir a rapidez de secagem que a tinta acrílica oferece.

O meio alquídico é fabricado a partir de óleos vegetais naturais, reconhecidamente da soja, polimerizado através da aplicação de álcool e ácido. O resultado desta mistura é uma resina que misturada com um solvente adequado adquire a consistência do óleo de linhaça tradicional, mas que mesmo podendo ser manipulada por aproximadamente 4 horas alcança completa secagem após 24 horas da aplicação.

- ENCÁUSTICA

Era uma técnica muito usada na Grécia no século V a.C. até o século IX d.C., quando caiu em desuso. A reconstituição desta técnica foi possível em 1845, quando foi descoberta uma caixa de pintura encáustica no túmulo de um pintor em uma cidade francesa.

Nesta técnica, o artista mistura cores em uma cera aquecida e derretida. Esta cera é aplicada na superfície a ser pintada; como é de secagem rápida, usa-se também colocar uma lâmpada ou outra fonte de calor sob o suporte da pintura; o calor amacia a tinta de cera, permitindo que o pintor obtenha vários efeitos de cor e textura.

- AEROGRAFIA

A aerografia (escrita a ar) – técnica em que a tinta é aplicada através de uma pistola de ar comprimido – tem, como o carvão, talvez a mais antiga história dentre os meios de pintura, desempenhando um papel fundamental na evolução da arte popular do Sec. XX, e despertando a curiosidade de todos por sua sutileza e precisão.
Imagens produzidas para cartazes, anúncios, livros, revistas, capas de discos e desenhos animados fazem hoje parte do nosso cotidiano.
Alguns historiadores acreditam que as imagens das cavernas Lascaux foram feitas dentro de um conceito de aerografia onde a tinta teria sido soprada através da cavidade de ossos de animais.

 A partir de nomes como Abner Peeler (1878), Liberty Walkupe (1883) e do aquarelista Charles Burdick (1893), a maioria dos ilustradores gráficos a partir de 1920 passou a fazer uso da técnica e na década de 60, também os artistas plásticos romperam o preconceito contra o aerógrafo, considerado até então apenas como uma "ferramenta de desenhista" e passaram a empregá-lo em suas criações.

- ARTES DO FOGO

A pintura em porcelana, a faiança e o fusing são assim denominadas por que as tintas precisam ser fixadas (queimadas) em fornos de alta temperatura.
A história da cerâmica começa com a descoberta do fogo. O homem verificou que, ao ser queimada, a argila transformava-se em material inalterável pela água. A versatilidade da cerâmica está diretamente ligada à versatilidade do próprio homem. Desde o início ela foi usada para a confecção de objetos decorativos e utilitários. Figuras religiosas, vasos, porta-mantimento eram parte da função da cerâmica. Trata-se de uma das grandes artes da civilização. Há milênios, sob todas as suas formas - barro esmaltado ou não, faiança ou porcelana -, a cerâmica está presente em todos os lares humildes ou aristocráticos.

- PINTURA EM SEDA

Com alguma similaridade à aquarela, a Pintura em Seda foge da convenção de ARTESANATO e é considerada também como ARTE. Atualmente tão popular no mundo da moda, a pintura em seda é a arte de aplicar pigmentos aos fios de seda, não apenas em peças de vestuário, como em peças de decoração e até mesmo em quadros.

Quase tão antiga como a própria seda e de fácil e rápida aplicação, a Pintura em Seda não exige nenhum conhecimento anterior em artes plásticas. Sua mágica vem das ilimitadas combinações subjetivas que permite.

Diversos são os tipos que podem ser empregados e a escolha dependerá mais da disponibilidade do que do efeito final, pois todas se prestam maravilhosamente para belas pinturas. Técnicas mais tradicionais como o batik e outras de inspiração oriental remetem a belíssimos resultados!

Enquanto somos crianças, encontramo-nos em um estado permanente de curiosidade que leva à criação, e depois ao crescermos, prevalece a crença de que a criatividade é uma característica inata que não pode ser cultivada – ou você é criativo ou não é.

Poucas pessoas entendem que podem aprender a ser mais criativas.
A criatividade não é um dom especial, que privilegia alguns poucos seres viventes. Todo ser humano possui um potencial criativo que na maioria das vezes permanece oculto. Cada vez mais as pessoas precisam liberar a sua criatividade e desta maneira permitir que os seus talentos internos aflorem e desta forma possam enriquecer suas vidas pessoais e profissionais.

Quando lidamos com o nosso dia a dia estamos ao mesmo tempo lidando com questões ligadas à composição artística, à combinação das cores, das palavras, dos sons, das idéias. Tudo esperando se manifestar através da nossa criatividade.

A falta de autoconfiança e o medo da crítica são, muitas vezes, os principais obstáculos para a criatividade. É importante acreditar em si próprio e ousar falar aos outros sobre as suas idéias. Todos nós temos um modo de ser, da mesma maneira que todas as flores tem a sua beleza única e insubstituível.

Resta-nos buscar uma maneira de expressá-lo com a mesma singeleza daquele desenho de criança que tanto nos satisfez um dia.
Entendendo isto parta para a prática e então você poderá dizer:
--" Eu também sou criativo!"

domingo, 20 de março de 2011

Nem só com óleo se faz tinta!

A pintura acompanha o ser humano por toda a sua história, mas é a partir da revolução da arte moderna e das novas tecnologias que os pintores adaptaram técnicas tradicionais ou as abandonaram, criando novas formas de representação e expressão visual.

No séc. XX a noção de instrumento, material e suporte artístico alargou-se enormemente com a alteração e a integração de novos conceitos na arte. Assim, o próprio corpo humano é considerado "material" e "suporte", como na "body Art". Objetos já existentes, que foram tirados do seu contexto habitual e integrados no domínio artístico, como os "ready made" dos grupos Dada e Surrealista, são também exemplos de novas e revolucionárias acepções dos termos suporte e material. Nas "instalações", "happenings" e "performances", atuações e intervenções artísticas, os materiais e suportes não têm regra e são condicionados pelo caráter original da idéia expressiva.

A escolha dos materiais e técnicas adequadas está diretamente ligada ao resultado final desejado para o trabalho como se pretende que ele seja entendido.Dentre as técnicas mais conhecidas na elaboração da arte visual podemos relacionar:

- CARVÃO
- SANGUINE, SÉPIA E PEDRA NEGRA
- GIZ PASTEL
- GIZ ÓLEO
- LÁPIS DE COR
- LAPIS GRAFITE
- NANKIM E AGUADAS
- AQUARELA
- GUACHE
- ÓLEO
- ACRILICA
- ENCÁUSTICA
- ALQUÍDICAS
- AEROGRAFIA
- TÉCNICAS DO FOGO
- TÉCNICAS DA SEDA


- CARVÃO

O carvão é um material clássico no desenho, talvez o mais antigo. Já os homens primitivos usavam galhos queimados para desenhar.  Usa-se para esboçar ou para desenhos definitivos de acordo com o suporte e a intenção.



- SANGUINE, SÉPIA E PEDRA NEGRAConhecida desde o paleolítico, a sanguínea ou sanguine começa a ser usada com profusão por volta de 1500. É na Renascença e no Barroco que artistas como Leonardo da Vinci, Rafael e Rubens usam a sanguínea de uma forma notável.



Peter Paul Rubens
 


Os efeitos de "esfumato" que empregaram são admiráveis. Os artistas italianos usaram a sanguínea, quer isoladamente, quer combinada com outros materiais. A sua cor quente e suave será talvez a razão para ter sido usada no desenho de representação do corpo humano através da história.

O uso combinado da sanguínea, pedra negra e uma espécie de giz branco, foi no séc. XVI abundantemente empregado, sobretudo para o retrato.


A sépia foi usada pelos artistas ao longo da história para desenhar, sobretudo, paisagens. Pode ser diluída com água ou misturada no decurso de aguadas e aquarelas, embora de forma controlada para não se perderem as características dos vários materiais. 

Pedra negra ou Pierre Noire é uma pedra negra natural de xisto argiloso, contendo partículas de carbono que lhe dão o tom escuro que vai do cinzento ao negro muito usada no desenho. É muito macia e parte-se com facilidade em vários pedaços. 

Muitos artistas italianos, como Cennino Cennini, Botticeli e Rafael usaram a "pedra negra" da mesma forma que usavam o carvão, com esfuminhos para misturar e espalhar no desenho, criando assim jogos de claro escuro notáveis.


Os pastéis oferecem possibilidades enormes de tratamento plástico. Têm grande estabilidade cromática, misturam-se muito facilmente e produzem com espontaneidade trabalhos de uma suavidade muito particular. Não têm os inconvenientes dos materiais que necessitam de secar ou que exigem grandes preparações.

- GIZ ÓLEO

Semelhante aos pastéis secos no seu aspecto, a sua constituição é, no entanto, diferente, pois são fabricados com uma mistura de pigmento e óleo. Existem desde os anos 60. Tal como os pastéis secos têm a forma de pequenos sticks cilíndricos e vendem-se em caixas ou avulso numa grande variedade de cores e durezas. Aderem com facilidade ao papel e permitem misturas de cores que se depositam numa camada mais grossa e pastosa ou mais fina, conforme se pretender.

- LÁPIS DE COR

O Lápis de cor é  um material relativamente recente. São feitos a partir de uma mistura de talco e substâncias corantes. Encontram-se à venda em caixas com enorme variedade cromática, ou avulso. 
Existem lápis de durezas diferentes, e de três tipos principais: os de mina grossa e relativamente macia, resistentes à luz e água e não precisam de fixador. Os de mina mais fina e mais dura, são usados para desenhos com muito detalhe, também resistentes à água. Os lápis com minas solúveis em água (aquareláveis) permitem um trabalho misto de desenho e aquarela.




O grafite foi descoberto na Baviera por volta de 1400, não lhe tendo sido dado na época o devido valor.  A história do lápis remonta a 1564, quando se descobriu em Inglaterra um filão de grafite puro. A coroa inglesa mandou então abrir minas para se obter grafite como material de desenho. Estas minas forneceram grafite a toda Europa, até se esgotarem as suas reservas no séc. XIX.

Em 1761, na Alemanha, Faber criou uma pequena oficina de fabrico de lápis. Misturava duas partes de grafite com uma de enxofre. Ao mesmo tempo Napoleão, encomendou a Conté a exploração de processos de fabricar lápis para substituir os importados. Apareceu então uma nova espécie de lápis que consistia na mistura de terra (argilas), grafite e água, que eram solidificados por cozedura e colocados em ranhuras de madeira. 

No próximo post continuamos esta apresentação!!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Verde que te quero Viridian

Conseguir representar com uma paleta de cores o que os poetas transmitem com a ênfase das palavras, momentos rápidos e coloridos como fragmentos da vida, gramados pontilhados de pequenas flores, folhas transformadas em ouro e o verde inebriante das paisagens, é o sonho de todo paisagista.

E já estamos, outra vez, falando em cores...


Aquarela - Fátima Seehagen


Curiosamente, apesar da variedade de verdes na natureza, uso um único verde em minhas telas – o VERDE VIRIDIAN.


Trata-se de um verde-azulado transparente, com menor força de tintagem do que o ftalocianina, fabricado pela primeira vez em 1838.
No óleo, é uma cor de secagem média - em torno de 5 dias. Como acontece com todas as tintas a óleo, para evitar o amarelecimento das pinturas, não devem deixar-se secar na escuridão contínua ou expostas a um elevado índice de umidade.


Os verdes encontrados na natureza variam enormemente, mas a maioria contém bem mais calor (amarelo e vermelho) do que muitos pintores imaginam. Trabalhando com misturas que tenham por base o verde viridian, conseguimos dosar este calor, de acordo com a nossa interpretação, conferindo personalidade aos nossos trabalhos.

Você pode iniciar experimentando as seguintes misturas:

1º - Verde Viridian + Amarelo de Cádmio
2º - Verde Viridian + Amarelo Limão
3º - Verde Viridian + Amarelo Ocre
4º - Verde Viridian + Azul da Prússia
5º - Verde Viridian + Azul Cobalto
6º - Verde Viridian + Azul Ultramar
7º - Verde Viridian + Vermelho de Cádmio


Depois pode acrescentar o branco em cada uma delas, para conseguir tons mais nebulosos e acinzentados, que podem ser usados nas distâncias maiores.

Para compor uma paisagem com profundidade, divida-a em três planos distintos:

1. O primeiro plano > Distância Próxima.
2. O segundo plano > Meia Distância.
3. O terceiro plano > Plano de fundo.

Para cada plano use um tom, intensidade e temperatura da cor próprios, mais suaves conforme o elemento da paisagem se afasta do observador.

Exagere nas diferenças, realçando os contrastes à medida que se aproximar do primeiro plano.

Para que uma determinada cor pareça mais viva ou mais apagada, de acordo com a necessidade da composição, você precisa estar atento às cores que irão cercá-la na tela.

Para fazer com que a cor pareça mais viva, coloque em torno dela cores complementares ou neutras.

Para fazer com que a cor pareça mais apagada, use em torno dela cores com as quais esteja intimamente relacionada.

A luminosidade de uma paisagem é acentuada quando a área destinada ao céu ocupa um espaço maior.

De um modo geral:

1- Quando pintar uma paisagem, nunca ilumine a tela inteira. A luz será intensificada quando for rodeada por áreas escuras

2- Quando o sol está alto, a luz é branco amarelada. À medida que o sol baixa no horizonte, vai se tornando alaranjado e depois chega ao vermelho.

3- Como a luz modifica todos os tons, junte um pouco da cor da luz a cada uma das misturas que usar. Na maioria dos casos, junte ocre a todos os verdes.

" Há algo no ato de pintar que não pode ser explicado, e este algo é essencial. Chega-se à natureza com as teorias, e a natureza as deita por terra."
Pierre-Auguste Renoir (Limoges, 25 de fevereiro de 1841 — Cagnes-sur-Mer, 3 de dezembro de 1919)

Renoir

domingo, 13 de março de 2011

De que cor pinto isto?

Uma vez escolhido o modelo vem a inevitável pergunta:
- De que cor pinto isto?

Ao traduzir para a pintura os seus sentimentos, o maior aliado do artista é, sem dúvida, a cor. Para pintar, nos valemos das CORES PIGMENTO, ou seja, cores compostas de matérias corantes com as quais podemos imitar aquelas que vemos nas paisagens, pessoas e objetos.

Para que esta representação seja perfeita, devemos conhecer as combinações possíveis entre os pigmentos, de tal forma que possamos imitar com perfeição a cor a ser retratada. O objetivo da mistura de cores é criar o maior número de opções a partir de um número mínimo de cores. A mistura dos pigmentos chama-se MISTURA SUBTRATIVA, o que significa que a luz é removida, ou seja, a cor resultante é sempre mais escura do que a mais clara das cores que foi misturada, pois subtraiu-se a luz.

Os pigmentos são compostos que se mantêm como partículas discretas e podem ser moídos em uma suspensão. As cartas de cores dos grandes fabricantes possuem em geral algumas dezenas de cores, mas uma paleta reduzida é garantia de sucesso e harmonia cromática para pintores em geral. 



Eu, pessoalmente, trabalho quase que invariavelmente com apenas 13 cores: 
1. Verde Viridian
2. Amarelo de Cádmio
3. Amarelo Limão
4. Amarelo Ocre
5. Terra de Siena Natural
6. Terra de Siena Queimada
7. Sombra Queimada
8. Azul da Prússia
9. Azul Cobalto
10. Azul Ultramar
11. Alizarim Crimson
12. Vermelho de Cádmio
13. Branco de Titânio

Saber como conseguir certas cores a partir de outras amplia a paleta do artista e lhe dá uma certa autonomia. Além disto, ao misturar as próprias tonalidades o artista individualiza a sua obra saindo do lugar comum das cores prontas que todos usam de igual forma. Um exercício muito útil é experimentar as misturas possíveis antes de partir para a pintura definitiva.

Inicialmente é preciso entender que a adição de branco ou preto, de nada nos auxiliará na composição da cor em si, pois funcionarão como partes da cor cinza, ou seja, acinzentarão as nossas novas cores. Por tudo isto não é recomendável o emprego, ainda que restrito, de cores prontas – tendem a ser escuras e berrantes e de nada nos adianta tentar clareá-las, pois tornam-se sem brilho e sem vida.

Escureça amarelos acrescentando um pouco de amarelo ocre.

Escureça vermelhos acrescentando um pouco de alizarin.

Escureça azuis acrescentando um pouco de azul da Prússia.

Escureça verdes acrescentando um pouco de azul da Prússia.



Para fazer uma gradação analise cuidadosamente as cores da composição dividindo as mudanças em três ou quatro etapas e prepare a mistura para cada etapa. Observe estes exemplos:

Considere que um dos aspectos mais gratificantes da pintura é a oportunidade de expressão pessoal. Trabalhar com as próprias emoções e impressões na interpretação de um determinado tema é o que lhe confere o título de artista!

Ao escolher as cores de acordo com as suas impressões subjetivas, não esqueça de estudar uma estrutura cromática para que não pareça que as cores foram apenas jogadas à tela por um “borratelas” – compare os tons, estude as escalas e sombras e evite usar muitas cores que podem tornar sua obra confusa. Bom trabalho!


quinta-feira, 10 de março de 2011

Como utilizar Fotos de Referência em obras de arte



Estudo a partir da fotografia
das penas de uma ave
Aquarela - Fátima Seehagen
Muitos artistas em início de carreira e mesmo os mais experientes me perguntam sobre o uso da fotografia como modelo no desenho e na pintura. É realmente um assunto bastante controvertido! Alguns consideram "truque fácil", outros, com toda a razão, defendem a fotografia como parte do arsenal do artista.

A maior vantagem de usar fotos como referência é que você pode captar efeitos de luz, sombra e movimento que na maioria das vezes se alteram em questão de minutos. Outra vantagem é que você pode escolher um motivo e colocá-lo em um cenário à sua escolha - é assim que trabalham os artistas que utilizam a fotografia: ao invés de criar a sua obra a partir de uma única foto, reúnem uma coleção e montam com ela uma composição artística!

Com a popularização da fotografia, a partir de 1888, esta se tornou um espetacular instrumento de uso para os pintores, que buscavam a fidelidade ao real passando a ser utilizada como método de observação, muitas vezes em substituição ao modelo vivo.

BATALHA DO AVAHY - 1872/1877
Pedro Américo
No Brasil, o pintor histórico Pedro Américo, que tinha no desenho e na preocupação com a execução das figuras, um dos traços característicos de sua pintura passaria a usar fotografias fiéis e realistas como modelo, sem descuidar entretanto, da imaginação criadora e memória inventiva para representar o movimento e fixar uma ação significativa e dramática na pintura das batalhas que representava. Não pintava aquele instante aleatório, petrificado da fotografia da época, mas o instante mais significativo do fugaz movimento.

Esta conciliação entre realismo fotográfico e imaginação é que o afasta uma criação artística da frieza convencional do idealismo figurativo.
É sabido que a maior parte dos foto-realistas usam fotografias como uma fonte impessoal para o imagismo visual. Os prefixos “super”, “radical”, “hiper” e “foco-nítido” já foram aplicados a este realismo devido à sua extrema veracidade e minuciosidade de técnica.

Desenho do fotógrafo Nadar no jornal Amusant ( Paris – 1857 ) com a legenda:
“ a ingratidão da pintura recusando o menor dos lugares na exposição à fotografia ,
a qual tanto deve”
Também vários outros estilos de pintura utilizam a fotografia como referência, mesmo em criações abstratas através da translação em desenho ou da abstração por referência.

O Direito Autoral da imagem


Entretanto, é preciso considerar que a obra intelectual é protegida pelo Direito Autoral onde, é considerada obra intelectual a expressão material da criação do autor, tais como livros, folhetos, escritos de qualquer natureza, conferências, obras dramáticas, composições musicais com ou sem letra, obras cinematográficas, fotográficas, desenhos, pinturas, gravuras, ilustrações, cartas geográficas, obras plásticas em geral, traduções e adaptações. **Fonte:
CABRAL, Plínio. A nova lei dos direitos autorais - Comentários. Porto Alegre: Sagra Luzzato, [1998].


Para usufruir das vantagens da fotografia como modelo, sem no entanto infringir a lei do Direito Autoral, o artista deve fotografar pessoalmente os seus temas, imprimindo o seu olhar pessoal sobre o universo do tema que desenvolve, colecionando um banco de imagens que lhe será útil em toda sua carreira.